PARA RECOMEÇAR O BRASIL LXXXIII

Recebi, na data de ontem, a consulta de um leitor, o qual me perguntou acerca do que é a tal “Pauta Bomba”, que os Congressistas da Câmara dos Deputados (deputados federais) e do Senado aprovaram e quais as consequências da referida aprovação.

Meu caro leitor, o Governo chamou a aprovação conformada de “Pauta Bomba” porque o que o que os congressistas fizeram foi aumentar as despesas do Governo, em 2019, em mais de R$ 72 bilhões. E, qual a gravidade de tais aprovações?

Antes de mais nada, é preciso considerar que o Governo Brasileiro vem atuando, no que diz respeito à economia, apenas em 02 (duas) frentes, no que tange às políticas monetária e fiscal. O restante, o Governo abandonou, até mesmo porque não há muito mais o que fazer. Estamos vivendo o que se chama de “Fim de Festa”. E, no âmbito da Política Fiscal, a preocupação maior do Governo que está se encerrando é deixar um orçamento aprovado para 2019, que permita ao novo Governo, que se instalará no país, a partir de 1º de janeiro, uma condição de equilíbrio de contas, já que hoje, o país está operando com déficits de quase R$ 200 bilhões/ano. Então, para conseguir isto, o Governo pretendia congelar os salários do funcionalismo público federal, cortar uma série de isenções fiscais que foram dadas a grandes corporações empresariais e contingenciar (deixar de prever) alguns gastos de investimentos que a lei manda fazer.

E, o que os deputados federais e senados fizeram?

Eles aprovaram uma proposta orçamentária, a chamada Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO que, ao contrário do que o Governo queria, previu tudo o que apontamos acima. E, a pergunta que fica é: por quê fizeram isto? Eles não sabiam que estarão comprometendo fortemente a capacidade de governar do novo Governo, em seu primeiro ano de existência?

Sabiam e, sabem. E, o fizeram porque é ano de eleições e todo deputado federal e todo senador está preocupado em se reeleger. Depois, eles poderão pensar no que é importante para o país. O que se viu foi um festival de “bondades” com o cofre do país. Mas, eles não estão preocupados com isto. Neste momento, o que importa para cada um dos 513 (quinhentos e treze) congressistas é angariar votos. Ninguém quer correr os riscos de uma não eleição, até mesmo porque isto significa o fim do “Foro Privilegiado”. E, muitos dos nobres deputados federais e senadores tem contas para acertar com a Justiça. Então, arriscar para quê?

E, o que país, que consequências irá enfrentar?

Bem, o novo governo estará em meio a “Sinuca de Bico”. Ou, enfrenta o Congresso Nacional e corta despesas ou corre o risco de mantendo um déficit gigantesco, ver a inflação e os juros subirem. O problema é que inflação alta e aumento de juros paralisam a atividade econômica e solapam a confiança da população no Governo. Portanto, corremos o risco de ter um Presidente da República com um índice pífio de aprovação popular e, portanto, sem condições de propor as transformações necessárias para o país, já em seu primeiro ano de governo. É isto que as medidas aprovadas neste final de primeiro semestre legislativo de 2018 fizeram. É este o rol de consequências que as medidas provadas estão permitindo vislumbrar.

É lógico que o novo Governo pode tentar uma outra saída para o problema. Mas, esta seria imensamente drástica e impopular: o aumento dos impostos.

Portanto, o que foi feito e, pouco divulgado e explicado pela grande imprensa nacional, foi uma “Ato de Lesa Pátria”, algo extremamente grave. Mas, disto nenhum deputado federal e  nenhum senador irá tratar com a população, ao longo da campanha eleitora. Todos irão se mostrar preocupados com o bem estar do país e, principalmente da população. Quanto aos danos provocados pelo que foi aprovado, ninguém está muito preocupado, já somente alguns poucos leitores, preocupados como Vossa Senhoria, irão procurar saber o que realmente foi feito pelos “Nobres Representantes do Povo”.          

E, voltamos a aproveitar o espaço para lembrar que, possivelmente, neste ano de 2018, teremos as previstas novas eleições, das quais falamos acima. E, é importante lembrar que: quem vota em político mequetrefe é mequetrefe, também. Pense bem, caro leitor, para que no futuro não tenhamos que conviver com coisas tão tristes e tão humilhantes, como as atuais.

    Por

Prof. Carlos A. Vittorati, 56, formado em Ciências Econômicas e

Pós-Graduado em Economia de Empresas