"O serviço de inspeção federal tem um funcionário que faz o recebimento e a conferência da Guia de Trânsito Animal com o que está declarado na GTA e com o que o frigorÃfico está recebendo para ser abatido", explicou Paulo Hiane, auditor fiscal federal agropecuário.
O empresário afirmou que o esquema era antigo e durou, pelo menos, 13 anos. Só parou em 2016, quando os delatores acreditaram que já estavam sendo investigados pela operação Lava Jato.
"Esses pagamentos aqui, que são os mais recentes, R$ 12.900.000 para empresa Buriti, e todos esses aqui, que são pessoas fÃsicas, são produtores que emitiram notas fiscais contra nós", disse Wesley na delação.
Wesley Batista disse que o Buriti foi usado pelo atual governador, Reinaldo Azambuja, para lavar dinheiro de propina. Um dos executivos do grupo, Valdir Boni, era o responsável por buscar as notas fiscais e fazer os pagamentos.
"Ou o próprio governador tratava comigo, ele próprio. O Boni ia lá no Palácio do Governo, em Campo Grande. Essas notas o Boni pegou em mãos com o governador, essas notas fiscais e processou o pagamento", disse Wesley na delação.
O advogado do frigorÃfico Buriti nega as irregularidades.
De acordo com os delatores, foram pagos, ao todo, R$ 38 milhões em propina a Reinaldo Azambuja, em troca de um desconto no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de R$ 99 milhões para empresas do grupo Jamp;amp;F em Mato Grosso do Sul.
"Você só conseguia o termo de acordo se você pagasse. Se você não pagasse, não conseguia. E, no Mato Grosso do Sul, só para falar mais um pouco, assim, nós temos conhecimento de que o negócio era generalizado, no nosso setor frigorÃfico, essa modalidade. Não era só nós que tÃnhamos", disse Wesley em outro trecho da delação.
Só nos últimos 10 anos, a Jamp;amp;F, holding que controla todas as empresas do grupo, teria pago R$ 150 milhões em propina em troca de descontos de R$ 500 milhões no ICMS só em Mato Grosso do Sul. Ricardo Saud disse na delação que o único suborno que deu prejuÃzo foi o de DelcÃdio do Amaral.
"Não tem nada de doação legÃtima. Nesse caso, era tudo propina. Só que ele perdeu a eleição, vocês prenderam ele e nós perdemos. Ele não vai pagar nada para nós", afirmou o diretor da JBS Ricardo Saud em delação.
Zelito Alves Ribeiro, Nelson Cintra e Márcio Monteiro disseram que venderam gado à JBS e que, segundo eles, pode ser comprovado nas notas fiscais. O ex-senador DelcÃdio negou ter recebido propina da JBS e disse ainda que considera absurda a afirmação de que ele tinha um acordo com Reinaldo Azambuja para pagamento das contas de campanha.
O PSDB declarou que as doações da JBS estão nas prestações de contas declaradas à Justiça Eleitoral. PT não quis se manifestar.
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